Sunday, June 16, 2013

Movimento Passe Livre: Brasil acorda, mas depois pensa.

Naturalmente fiquei muito marcado pelos protestos, e pelo envolvimento que eu vi de muitos meus amigos de Facebook. Me parece que - alem das boas intenções dos manifestantes - tem uma grande probabilidade de mudar o país pelo pior e vou tentar explicar aqui as minhas razões. Espero de ser corrigido para os meus 2.4 leitores se estou errado.

Duas premissas: os 20 centavos foram só a faísca, e a violência da Policia é lamentável.

O que vai acontecer se o MPL "vence"? Vamos nos limitar ao primeiro pedido declarado, ou seja o "passe livre" em São Paulo.

Para Haddad o aumento dos 20 centavos significa 600 milhões de reais . Isso implica uma venda de 3 bilhões de bilhetes ao ano para um valor de 9.6 bilhões. Haddad declara também que há subsídios, e isso faz sentido, considerando somente os custos de expansão do metro (3.4 bi para a linha amarela de 11 km, 65 km planejados para uma projeção de 20 bi a custos atuais sem considerar a inflação).

Se vai ter o passe livre, quase 10 bi devem ser achados em outros lugares do cofre publico. Quem propuser de tirar da saúde, educação e outros serviços públicos vai cometer suicídio político, então o que sobra de "politicamente viável" é obter novos recursos da impostos ou tirar da infra-estrutura e divida publica. Isso para o bilhete em São Paulo mas também para outros setores, imagino (gratuidade das Universidades particulares, com o Estado pagando? Ou estatização das Universidades particulares? ... )

Qual é a situação econômica atual do Brasil?
O país termina agora anos de desenvolvimento econômico devido a estabilidade da política monetária mas principalmente a fatores 'externos': alto valor das commodities (petróleo, agricultura, minerais) -devido ao forte desenvolvimento chines - e importação de capitais que procuravam qualquer lugar para investir que não fosse EUA e Europa. Ambos estão mudando de direção (investimentos e materias primas), e - olha só - Standard&Poors baixa o rating do pais. Podemos prever alguns anos de baixa para a economia brasileira: novos recursos não podem vir de um aumento das entradas fiscaís atrelada a um crescimento da economia. Aumentar os impostos significaria colocar mais peso nas costas de uma economia que já tem problemas e pode gerar uma espiral recessiva como na Europa.

No futuro, o aumento da riqueza vai depender da fatores internos: aumento de produtividade (então infra-estrutura) e inovação (educação, juros baixos para favorecer investimentos e, mais profundamente, alocação dos recursos onde tem retorno).

Nesse cenário, uma política "MPL" tiraria recursos da infra-estrutura e aumentaria a divida puxando para cima os juros. Alem disso, imagino que tal movimento seja contrario a aumentos de eficiência devido ao abatimento das barreiras comercias: abatendo as taxas de importação dos produtos de TI os custos ridiculamente altos cairiam, mas os cerca de 1000 funcionários da Positivo iriam ser demitidos, por exemplo. Qual seria a posição do movimento sobre isso?

Em síntese, o que me parece é que o movimento empurra na direção contraria ao aumento da riqueza e a favor de redistribuição, exatamente quando o problema fundamental seria aumentar o bolo e não decidir como fatiá-lo.

Tem um jeito para iludir o povo que as coisas estão indo bem: continuar uma política de gastos não produzindo riqueza mas endividando-se. Ou seja, passando o poder aos credores (sobretudo estrangeiros) e "gastando" o futuro das próximas gerações que pagariam taxas para os juros das dividas feitas por essa geração. Infelizmente não é muito difícil prever isso: é o que aconteceu na Italia depois do '68 (maiores semelhanças em um próximo post). 

Alem das boas intenções, então, essa mamãe poderia estar - dramaticamente - muito errada ...