Naturalmente
fiquei muito marcado pelos protestos, e pelo envolvimento que eu vi de muitos
meus amigos de Facebook. Me parece que - alem das boas intenções dos
manifestantes - tem uma grande probabilidade de mudar o país pelo pior e vou
tentar explicar aqui as minhas razões. Espero de ser corrigido para os meus 2.4 leitores se estou errado.
Duas
premissas: os 20 centavos foram só a faísca, e a violência da Policia é lamentável.
O
que vai acontecer se o MPL "vence"? Vamos nos limitar ao primeiro
pedido declarado, ou seja o "passe livre" em São Paulo.
Para
Haddad o aumento dos 20 centavos significa 600 milhões de reais . Isso implica uma venda de 3 bilhões de bilhetes ao ano para um valor de 9.6 bilhões. Haddad
declara também que há subsídios, e isso faz sentido, considerando somente os
custos de expansão do metro (3.4 bi para a linha amarela de 11 km, 65 km planejados para uma projeção de 20 bi a custos atuais sem considerar a
inflação).
Se
vai ter o passe livre, quase 10 bi devem ser achados em outros lugares do cofre
publico. Quem propuser de tirar da saúde, educação e outros serviços públicos
vai cometer suicídio político, então o que sobra de "politicamente viável"
é obter novos recursos da impostos ou tirar da infra-estrutura e divida publica. Isso para o bilhete em São Paulo
mas também para outros setores, imagino (gratuidade das Universidades particulares, com o Estado pagando? Ou estatização das Universidades particulares? ...
)
Qual é a situação econômica atual do Brasil?
O
país termina agora anos de desenvolvimento econômico devido a estabilidade da política
monetária mas principalmente a fatores 'externos': alto valor das commodities (petróleo,
agricultura, minerais) -devido ao forte desenvolvimento chines - e importação de
capitais que procuravam qualquer lugar para investir que não fosse EUA e
Europa. Ambos estão mudando de direção (investimentos e materias primas), e -
olha só - Standard&Poors baixa o rating do pais. Podemos prever alguns anos de baixa para a economia brasileira: novos recursos não podem vir de um aumento das entradas fiscaís atrelada a um crescimento da economia. Aumentar os impostos significaria colocar mais peso nas costas de uma economia que já tem problemas e pode gerar uma espiral recessiva como na Europa.
No
futuro, o aumento da riqueza vai depender da fatores internos: aumento de
produtividade (então infra-estrutura) e inovação (educação, juros baixos para favorecer investimentos e,
mais profundamente, alocação dos recursos onde tem retorno).
Nesse
cenário, uma política "MPL" tiraria recursos da infra-estrutura e
aumentaria a divida puxando para cima os juros. Alem disso, imagino que tal movimento seja contrario a aumentos de eficiência devido ao abatimento das barreiras
comercias: abatendo as taxas de importação dos produtos de TI os custos ridiculamente
altos cairiam, mas os cerca de 1000 funcionários da Positivo iriam ser demitidos, por exemplo.
Qual seria a posição do movimento sobre isso?
Em síntese,
o que me parece é que o movimento empurra na direção contraria ao aumento da
riqueza e a favor de redistribuição, exatamente quando o problema fundamental seria aumentar o bolo e não decidir como fatiá-lo.
Tem
um jeito para iludir o povo que as coisas estão indo bem: continuar uma política
de gastos não produzindo riqueza mas endividando-se. Ou seja, passando o poder aos credores (sobretudo estrangeiros) e "gastando" o futuro das próximas gerações que pagariam taxas para os juros das dividas feitas por essa geração.
Infelizmente não é muito difícil prever isso: é o que aconteceu na Italia
depois do '68 (maiores semelhanças em um próximo post).
Alem
das boas intenções, então, essa mamãe poderia estar - dramaticamente - muito
errada ...